Confort óptimo: higiene e níveis saudáveis de contaminantes

Conseguir um conforto ótimo na sua habitação ou local de trabalho passa por conseguir uma qualidade do ar elevada dentro destes espaços. Sabe quais são os níveis saudáveis de contaminantes no ar? A seguir, faremos um resumo da legislação atual vigente em matéria de qualidade do ar interior e sinalizaremos os níveis legais estabelecidos de concentração no ar de determinados componentes contaminantes.

Qualidade do ar interior para um conforto óptimo: uma obrigação normativa

De acordo com a NTP 243 Ambientes fechados: qualidade do ar, do Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais, desde 2013 é obrigatório inspecionar a qualidade do ar para alcançar um conforto óptimo. Assim, é necessário fazer uma revisão anual da rede de condutas e da qualidade ambiental para instalações térmicas em edifícios cuja potência útil seja igual ou superior a 70 kW (tanto em frio como em calor). Embora as habitações individuais estejam isentas de cumprir com esta exigência, a imensa maioria do resto dos edifícios deve cumpri-la.

Sabe a quantos tipos de contaminantes estamos expostos?

São diferentes as fontes de onde podem provir os diferentes tipos de contaminantes presentes no ar:

• O ser humano. Dado que as pessoas produzem de modo natural CO₂, vapor de água, partículas e aerossóis biológicos, pode-se dizer que os ocupantes de um edifício são em si mesmos uma fonte de contaminação.
• O próprio edifício e o seu conteúdo.
• As combustões que ocorrem dentro dos edifícios.
• Os produtos químicos utilizados na limpeza e manutenção.

Algumas dessas fontes produzem misturas complexas tais como fumo de tabaco, aerossóis e fumos gerados pela preparação de refeições, aerossóis biológicos infecciosos e alérgenos gerados nos circuitos de refrigeração.

Guias e concentrações médias permitidas

São muitas as organizações que desenvolveram guias e normas de exposição (a OMS, o CIBC e a ASHRAE, entre outros). Todas elas insistem na necessidade de renovar o ar em ambientes fechados, proporcionando um caudal mínimo de ar fresco por ocupante que dilua as concentrações de bioefluentes humanos e evite, desta forma, as molestias que os maus odores possam causar.

Na década de 70, a ASHRAE publicou diversos estudos recomendando uma contribuição de ar fresco mínima de 34 m³/h por pessoa para evitar os maus odores e um mínimo absoluto de 8,5 m³/h por pessoa para conservar as concentrações de CO₂ abaixo dos 2500 ppm (para lograr um conforto óptimo, recomenda uma concentração de CO₂ máxima de 1000 ppm). No seu estudo mais recente, a ASHRAE Standard 62-1989, recomenda um mínimo de 25,5 m³/h por pessoa para salas de aula, um de 34 m³/h para escritórios e outro de 42,5 m³/h para hospitais (na zona dos pacientes). Esse padrão recomenda aumentar esses volumes se houver problemas de mistura do ar na zona de respiração ou fontes não habituais de contaminação. Sem esquecer que se deve alcançar um bom nível de conforto térmico nos recintos fechados, sinaliza que a temperatura interior deve ser mantida entre 20 e 24 °C no inverno e entre 23 e 26 °C no verão. Embora este padrão não o especifique, considera-se que a humidade relativa deve situar-se entre os 20 e os 60% (preferivelmente, entre os 30 e os 50%).

De acordo com a Ordenança Geral de Segurança e Higiene no Trabalho, os valores devem ser os seguintes:

• Fornecimento de ar:
  • 30 - 50 m³/h por empregado, ou uma renovação total do ar de 6 vezes/hora para trabalhos sedentários e de 10 vezes/hora para trabalhos que exijam um esforço físico.
• Velocidade do ar
  • 15 m/min (temperatura normal) e 45 m/min (ambiente quente)
• Temperatura
  • 17 a 22 °C (trabalhos sedentários)
  • 15 a 18 °C (trabalhos ordinários)
  • 12 a 15 °C (trabalhos que exijam um acusado esforço físico)
• Humidade relativa
  • 40 - 60%
  • >50% se se pode gerar eletricidade estática.