Edifícios de madeira, será uma solução de construção muito ecológica?

À volta de 350 metros terá o novo arranha-céus cujo desenho está a ser ultimado para instalar-se no centro de Tóquio. Só que este gigantesco edifício -e cuja maquete inicial pode ser vista na foto que aparece sobre estas linhas- não será uma torre de vidro e de betão. Senão que será um projeto totalmente ecológico. Porque pretende ser o máximo expoente mundial nos edifícios de madeira. Aqueles que estão construídos quase na sua totalidade com este material.

A razão pela qual se propõe a edificação com madeira não é outra que a sustentabilidade e apostar pela melhoria do meio ambiente. Sumitomo, a promotora que criou este projeto nipónico batizado como Project W350, o olha além disso com uma perspetiva mais ambiciosa: transformar as cidades num bosque. O seu arranha-céus está pensado para que tenha pelo menos 90% de todos os seus materiais provenientes da matéria-prima dos árvores.

Embora a afirmação seja mais bem comercial, os edifícios de madeira não são algo exclusivo do país asiático, senão que são toda uma realidade na Europa e outros países do mundo. Também em Espanha temos uns quantos expoentes desta tendência, que além disso agora pode ser mais importante que nunca. Porque a construção neste nobre material adapta-se perfeitamente à normativa de construção de consumo quase nulo, também conhecida como nZEB. Este tipo de edificação adapta-se perfeitamente às obrigações impostas desde a União Europeia para construir habitações e escritórios de muito escassa necessidade de fornecimentos energéticos.

Tal como afirmam os defensores a nível mundial dos edifícios de madeira, este material pode ser considerado um dos mais excecionais que podem ser usados em quase qualquer projeto. E trata-se do material de construção reciclável mais reconhecível, pelo que toda a parte do edifício levantada em madeira poderia reutilizar-se.

Por outro lado, a madeira é respeitadora do meio ambiente e quando é processada consome menos energia que qualquer outro material tradicional. A sua pegada de carbono também é muito baixa.

A madeira mantém a qualidade de um organismo anteriormente vivo mesmo após ter-se transformado a partir dos árvores. Nos edifícios de madeira pode ainda sentir-se o aroma do material, mas além disso há outros benefícios relacionados:

• A madeira, como material de construção em edifícios, é possível que absorva melhor os maus cheiros.
• Ao contar com uma superfície rugosa, os vapores e até os fumos podem ser recolhidos pela madeira, eliminando-os com maior facilidade.
• Graças a estas qualidades, a madeira pode chegar a servir também de filtro e limpar o ar sem gasto energético.
• A madeira respira e fornece um contínuo intercâmbio e renovação do ar, além de ajudar a regular a humidade.

O edifício de madeira mais grande do mundo e outros

A torre de Tóquio batizada como Project W350 não será apenas o edifício de madeira mais alto de todo o mundo, senão também o maior arranha-céus do Japão a menos que lhe apareça concorrência antes. Trata-se de uma volta de para o setor que, no país nipónico, goza de muito boa saúde.

O que ocorre no Japão para que se aposte notavelmente pelos edifícios de madeira? Principalmente, o Governo tenta popularizar este tipo de construção. Em 2010 aprovou uma Lei conhecida como Promoção da Madeira em Espaços Públicos. Nela exigia-se que todos os edifícios do Estado de até três andares tivessem madeira principalmente na sua construção.

Atualmente, o edifício com uma estrutura de madeira mais alto do mundo está em Bergen, na Noruega, e trata-se de uma torre de 14 andares e 49 metros de altura. Tem um teto de madeira e a sua estrutura compõe-se de colunas de madeira laminada e colada de um metro de espessura, com desenho modular prefabricado. Outras cidades no mundo com grandes edifícios de habitações criados em madeira são Londres e Melbourne.

Em Espanha, os edifícios de madeira não são muito habituais, mas temos uns quantos expoentes. Em Lleida construiu-se um bloco de habitações plurifamiliares de seis andares com madeira contralaminada. E em Barcelona, no distrito de Gràcia, a firma House Habitat levantou o edifício em madeira mais grande da cidade, com cinco andares.

Em Barcelona, os vizinhos do bairro de Sants verão em breve um projeto muito inovador conhecido como La Borda, também da House Habitat, que tratará de pôr em funcionamento o cohousing. A sua estrutura será de madeira contralaminada e terá seis andares.

A esperança dos edifícios de madeira passa, em qualquer caso, pela popularização deste material de cara à construção de consumo quase nulo. Se de cara a controlar o consumo se optar por isso, poderíamos começar a ver muitos mais edifícios neste nobre material.